domingo, 4 de outubro de 2009

Resgatando a infância

A maior parte dos contos de fada que conhecemos, a partir de Walt Disney, foi desvirtuada em sua essência original. Para parecerem mais encantadores, mocinhos e mocinhas são sempre bons, e vítimas das circunstâncias e dos vilões. Imagine Pinóquio como um menino cara-de-pau que tranca o pai pra fora de casa, cabula aula para ver um teatro de marionete e engana a fada que tenta ajudá-lo. Talvez com essas características o desenho não tivesse sido tão bem aceito no cinema. Mas foi assim que o italiano Carlo Collodi o criou em 1881 para um folhetim, dando-lhe a forma de livro dois anos depois.

Seja nas mãos do italiano ou de Disney, Pinóquio passa por infinitas desventuras. Mais do que ser visto como mentiroso, ele será confrontado com o certo e o errado de suas escolhas. Em “Pinóquio”, a óbvia solução de fazer seu nariz crescer pouco será usada em cena. Em compensação, uma dinâmica de tirar o fôlego vai nos levar para salas de aula, florestas, a terra dos brinquedos, a boca de um tubarão, o fundo do mar e para a casa da Fada Azul. Um corre-corre incessante que deve agradar às crianças e deixar muito adulto tonto de tanta informação.

A montagem abusa de excelentes soluções plásticas para cada uma dessas locações. Os pontos fortes ficam para o teatro das sombras, que toma conta de todo o palco; as várias camadas de tecido que se transformam num imenso mar; e, acima de tudo, a boca do tubarão, que merece ser conferida sem qualquer descrição prévia. Todo o cenário envolve uma engenharia de ponta para dar conta das muitas e ousadas trocas que acontecem. Os figurinos e adereços também merecem destaque, principalmente no aspecto de madeira de Pinóquio, na caracterização das fuinhas e das marionetes de espuma.

A parceria da equipe do Le Plat du Jour com Cintia Abravanel, produtora geral do Teatro Imprensa, foi visando um direcionamento para escolas. Estruturado com orientação pedagógica, professores são convidados a participarem de oficinas que propiciem uma remontagem por parte dos próprios alunos, adaptando conforme as necessidades de cada instituição.

Independente disso, o espetáculo está aberto ao público que quiser se divertir com um menino curioso, que se torna homem sem deixar de lado os sonhos infantis.


Produção Geral – Cintia Abravanel.
Realização – Centro Cultural Grupo Silvio Santos.
Temporada – Sábados e domingos, às 16 horas.
Duração – 70 minutos. Espetáculo recomendável para maiores de 5 anos.
Patrocínio do Banco Panamericano.
Até 29 de novembro.

TEATRO IMPRENSA – Rua Jaceguai, 400 – Bela Vista.
Informações – (11) 3241-4203.
Ingressos por telefone – Ticketmaster – (11) 2846-6000 (de segunda-feira a sábado, das 9 às 21 horas) ou pelo site www.ticketmaster.com.br

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